domingo, 22 de agosto de 2010

Hipertensão, diabetes, fatores desencadeadores e Atividades Físicas

Hipertensão, diabetes, fatores desencadeadores e Atividades Físicas

A associação de diabetes com hipertensão arterial é relativamente freqüente, pois são doenças inter-relacionadas que, se não tratadas, aumentam o risco de enfarte, AVC e complicações nos membros inferiores.

A hipertensão é duas vezes mais comum em diabéticos e aumenta com a idade. No momento do diagnóstico da diabetes, a hipertensão já existe em cerca de 40% dos doentes, o que sugere uma associação de mecanismos entre as duas: a obesidade e resistência à insulina levam à hipertensão e esta agrava a intolerância à glicose.

Nos diabéticos, elevação da pressão arterial máxima è mais freqüente que nos não diabéticos. È muito importante definir grupos especiais de risco que têm a ver com a presença ou não de outros fatores, como o tabaco, o excesso de peso e a inatividade física. Está provado que se conseguem reduções maiores do risco cardiovascular só deixando de fumar do que só tratando a hipertensão com drogas. Os níveis de P. A. desejáveis no diabético são inferiores ao da população em geral, 130/85 mmHg segundo as recomendações internacionais e com um máximo aceitável de 140/90 mmHg. Estas recomendações sugerem que a pressão arterial deve ser avaliada pelo menos de 3-3 meses, quando estabilizada e de forma mais freqüente (uma ou duas vezes por semana) se estiver instável. O controle deve ser feito em conjunto com o autocontrole do diabetes já que valores elevados de glicemia ou de P. A. têm impacto recíproco.

COMO OS EFEITOS DO DIABETES AFETAM OS OLHOS
Dr. Aldo Barcia

Flutuações do açúcar no sangue podem causar alterações na concentração do líquido no interior das células do cristalino, nome dado a uma lente natural localizada no interior dos olhos e causar embasamento visual temporário, principalmente se o controle da diabetes é pobre. O diabetes também pode causar catarata em pessoas jovens, ou acelerar o desenvolvimento de catarata em pessoas idosas.

A retinopatia diabética é uma das causas mais comuns de cegueira no Brasil em pessoas entre as idades de 30-65. Na população aproximadamente cerca 10% das pessoas com diabetes tem retinopatia que exigem acompanhamento médico ou tratamento. Diabetes pode afetar também outros órgãos e a severidade da lesão ocular observada na retina pode ser um indicador do aumento do risco de outras complicações da diabetes, como a doença isquêmica cardíaca, doença renal, ou neuropatia diabética (o que contribui para a impotência masculina e doença do pé diabético).

PREVENÇÃO

O bom controle dos níveis de açúcar no sangue do diabetes pode reduzir o risco de retinopatia em 60% no tipo I (insulino dependente) e 40% no tipo II (não-insulino dependente), e também irá reduzir o risco de outras complicações diabéticas.

Quando as pessoas desenvolvem retinopatia diabética, podem não apresentar nenhum tipo de sintoma na fase inicial da doença, daí a importância da avaliação precoce oftalmológica a fim de evitar estágios avançados da doença.

EXAME

Quando confirmado o diagnóstico de diabetes o paciente devera ser examinado de uma forma geral anualmente, com exames que incluem a acuidade visual, pressão ocular e o exame da retina sempre com a pupila dilatada.

PESO CORPÓREO E PRESSÃO ARTERIAL

OBS: A pressão arterial não é constante no decorrer do dia: Em repouso ou dormindo, com os músculos e os vasos relaxados, ela tende a cair. Quando fazemos esforço físico ou estamos agitados, nervosos ou submetidos a condições de estresse, tende a subir.

Existe relação direta entre peso corpóreo e pressão alta. O sobrepeso e a obesidade provocam alterações no metabolismo, que contribuem para que as terminações nervosas, responsáveis pelo controle da abertura e fechamento dos vasos (vasodilatação e vasoconstrição, respectivamente), mantenham os vasos mais contraídos.

Para vencer a resistência aumentada pela passagem do sangue, o coração é obrigado a fazer mais força. Resultado: aumento da pressão arterial. A falta de atividade física também contribui para agravar o problema.

SINTOMAS

Muitas pessoas acreditam que o aumento da pressão obrigatoriamente provoque tontura, sangramento nasal, dor de cabeça, palpitações ou pontos brilhantes que turvam a visão. Como nada sentem, passam anos sem medir a pressão.

A pressão arterial pode ficar elevada durante décadas sem que a pessoa desconfie. No dia a dia, os médicos se cansam de encontrar mulheres e homens com 18 x 12 de pressão (ou mais), que simplesmente desconhecem a condição de hipertensos.

Sintomas como dor de cabeça, pressão na nuca, sudorese excessiva, câimbras, palpitações cardíacas e micções freqüentes, geralmente atribuídos à pressão alta, na esmagadora maioria dos casos nada têm a ver com aumento da pressão arterial.

DIAGNÓSTICO

Como os sintomas da hipertensão surgem apenas nas fases avançadas da doença, quando as complicações já estão instaladas, é fundamental que odiagnóstico seja feito bem antes. A única forma de fazer o diagnóstico de hipertensão é medir a pressão arterial em períodos regulares para definir se a elevação foi uma ocorrência isolada, devido a situações específicas, ou se a doença já se instalou.

Hipertensão arterial é doença traiçoeira: em geral, só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando ocorre aumento abrupto e exagerado.

Quando mais cedo for diagnosticada a hipertensão, melhor o resultado do tratamento. Em crianças, o ideal é que a pressão seja medida a partir do primeiro ano de vida, nas consultas pediátricas.

« Nos adultos com pressão de até 12 x 8, basta medi-la uma vez por ano.

« Entre esse valor e 14 x 9, uma vez a cada 6 meses.

« Acima de 14 x 9, os controles devem ser muito mais freqüentes, dependendo de cada caso, porque nessa faixa a doença deve ser obrigatoriamente tratada.

O objetivo deve ser manter níveis de pressão que não ultrapassem 12 x 8, tanto em pessoas que apresentam pressão normal quanto nas que sofrem de pressão alta.

CAUSAS DA HIPERTENSÃO

O sistema circulatório dispõe de mecanismos muito sensíveis para manter constante a pressão no interior das artérias. Conhecemos esses mecanismos e as conseqüências de seus desarranjos, mas as causas responsáveis pelas alterações que levam ao aumento da pressão arterial são mais misteriosas.

Em 90 a 95% dos casos, não conseguimos descobrir a causa da hipertensão. Mas sabemos que a genes e outros fatores associados ao risco de desenvolvê-la. Alguns são evitáveis, outros não.

FATORES DE RISCO NÃO EVITÁVEIS: são inevitáveis porque nada podemos fazer para modificá-los:

1. HISTÓRICO FAMILIAR. Se um de seus pais tem hipertensão, você tem 25% de probabilidade de
desenvolvê-la no decorrer da vida. Quando pai e mãe são hipertensos, essa probabilidade sobe para 60%. Existem famílias em que a maioria dos adultos sofre de hipertensão. Nesses casos, a vigilância deve começar mais precocemente: Os cuidados preventivos devem ser adotados já na infância e as medidas da pressão, realizadas com mais freqüência.


2. IDADE. Embora a hipertensão possa instalar-se em qualquer idade, os diagnóstico costuma
ser feito ao redor dos 35 anos. Ao atingir 50 anos, metade da população sofre de pressão alta. Depois dos 70 anos, 70% da população é hipertensa.

3. GÊNERO. Entre as pessoas de meia-idade, os homens são mais propensos à hipertensão. No entanto, depois dos 55 anos – quando a maioria das mulheres já atingiu a menopausa -, a relação se inverte e a doença se torna dominante no sexo feminino. As mulheres parecem desconhecer esse fato. É comum ver senhoras que insistem com os maridos para ir ao médico e controlar a pressão, mas que deixam de tomar esses cuidados consigo mesmas.

4. ETNIA. Como já vimos, a hipertensão é mais comum em pessoas negras do que em brancas. Nas negras, a doença costuma surgir em idade mais precoce, tende a ser mais acentuada e a progredir mais rapidamente. Por razões socioeconômicas, as pessoas negras e seus descendentes costumam descobrir que sofrem de pressão alta mais tardiamente, quando as complicações já estão instaladas.

FAVORES EVITÁVEIS

1. VIDA SEDENTÁRIA. Mulheres e homens sedentários apresentam batimentos cardíacos mais acelerados para que o sangue consiga vencer a resistência das artérias, que se tornam endurecidas por falta de atividade física. Essa resistência à passagem do sangue sobrecarrega o coração e cria as condições para hipertensão instalar-se. Além disso, a vida sedentária se acha ligada à obesidade, importante causa da doença.

2. OBESIDADE. Quanto maior o acúmulo de tecido adiposo (gorduroso), maior a massa corpórea e
maiores a freqüência cardíaca e o esforço que o coração deverá executar para levar o sangue aos tecidos. Além disso, o excesso de gordura aumenta os níveis insulina no sangue o que provoca retenção de sódio e de água. O aumento do volume líquido circulante faz a pressão subir.

« A perda de peso constitui a medida não farmacológica mais eficaz no tratamento da hipertensão.

« Ela também aumenta a eficácia dos medicamentos ante-hipertensivos em indivíduos obesos ou não. Para cada quilo perdido, a pressão cai em média 0,13 a 0,16 cmHg.

Assim, uma pessoa obesa que tenha pressão 15 x 10 (portadora de hipertensão estágio 1), ao perder 10 quilos, terá a pressão diminuída para aproximadamente 13,5 x 8,5, faixa considerada limítrofe. Se perder 20 quilos, sua pressão deverá voltar ao normal.

3. SÍNDROME METABÓLICA (OU SÍNDROME X).É caracterizada por um grupo de condições associadas, que incluem: Obesidade, diabetes tipo 2, alterações nos níveis de triglicérides/colesterol, acído úrico alto, pressão arterial elevada e risco aumentado de doenças cardiovasculares.

4. FUMO. A nicotina provoca contração temporária dos vasos (vasoconstrição) e aumenta a freqüência dos batimentos cardíacos. O monóxido de carbono da fumaça se acumula no sangue e desloca o oxigênio dos glóbulos vermelhos, fazendo o coração bater com mais força para compensar a redução de oxigenação. Com o passar dos anos, substâncias tóxicas existentes no fumo lesam as paredes internas das artérias, facilitando o acúmulo de placas de gordura, que bloqueiam o fluxo sanguíneo.

5. SENSIBILIDADE AO SÓDIO. O cloreto de sódio (sal de cozinha) é indispensável ao organismo. Entretando, para cada 9 gramas de sal ingerido, o corpo retêm em média 1 litro de água. Organismos que acumulam sódio com mais facilidade retêm líquido em excesso e podem apresentar tendência a hipertensão.

« Cerca de 60% dos hipertensos apresentam sensibilidade ao sal, característica que se torna mais evidente com a idade.

« No passado, aconselhava-se que os hipertensos retirassem todo o sal da comida. Hoje, recomenda-se a diminuição da quantidade de sal nos alimentos, mas não sua supressão completa.

6. CARÊNCIA DE POTÁSSIO. O potássio é um mineral muito importante para manter em equilíbrio a quantidade de sal e água que os rins excretam. Quando a dieta é pobre em potássio, os rins não conseguem eliminar sódio com eficiência. E, como já sabemos o excesso de sódio no organismo retêm água e aumenta a pressão arterial. Para evitar queda nas taxas de potássio, os hipertensos devem ingerir alimentos ricos nesse mineral (como banana, abacate, frutas secas, manga, papaia, alcachofra, abóbora, água de coco, carnes frescas e laticínios etc.).

7. ÁLCOOL EM EXCESSO. Álcool em pequena quantidade não afeta significativamente a pressão; seu efeito relaxante pode eventualmente reduzi-la. Para os homens, 1 a 2 drinques (1 drinque = 1 taça de vinho = 1 lata de cerveja = 1 dose destilado) por dia podem ser tomados com segurança, desde que não restrições específicas. Para as mulheres, essas doses devem ser reduzidas a metade. Estudos deixam claro que o consumo diário de 3 ou mais doses praticamente dobra o risco de hipertensão. Além de aumentar a pressão, o excesso de álcool pode lesar o coração, o fígado e outros órgãos.

8. ESTRESSE. O estresse geralmente causa aumento temporário da pressão. Quando se tornam persistentes e continuados os picos hipertensivos podem lesar artérias, rins e o próprio coração.

« Procure controlar os níveis de estresse. Mudanças no estilo de vida, atividades físicas e técnicas de relaxamento são boas alternativas.


Referências Bibliográficas

- SANTOS, Eraldo. BARCIA, Aldo. Guia Sangue Bom. A Revista do ‘Hiperbético’. Rio de Janeiro: Gráfica Forup,

- VARELLA, Dráuzio. JARDIM, Carlos. Guia Prático de Saúde e Bem-Estar. Hipertensão e Diabetes. São Paulo: 1ª ed., Editora Gold Ltda, 2009.